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Qual o papel do arquiteto e urbanista no futuro das cidades?

Publicado em 24/09/2022

Escrito por: Comunicação Atitus

A pandemia evidenciou necessidades e demandas não atendidas, dando novos contornos ao desafio de construir cidades mais sustentáveis, resilientes e inclusivas

Economia, guerras, mudanças sociais, catástrofes, epidemias e pandemias. O que esses elementos têm em comum? Todos são fatores que, historicamente, contribuíram para transformar o futuro das cidades. São capazes de alterar fortemente a rotina das pessoas, gerando novos hábitos, comportamentos e necessidades.

Vamos tornar esse cenário ainda mais completo? Adicione a isso um contexto de transformação digital e constante evolução tecnológica, que impacta a vida das pessoas e a arquitetura, eleva os níveis de exigência dos cidadãos e acelera os processos de tomada de decisões.

Ou seja, além do avanço das áreas urbanas e do crescimento populacional, que deve alcançar a marca de 8,5 bilhões de habitantes em 2030, segundo projeção da Organização das Nações Unidas, o futuro das cidades reserva grandes desafios aos arquitetos e urbanistas.

É PRECISO INTEGRAR E RESSIGNIFICAR

Os dispositivos móveis e as plataformas de armazenamento em nuvem contribuíram para popularizar o acesso a informações, para transformar experiências de entretenimento e expandir o conhecimento. Ao mesmo tempo, impulsionou a geração de dados em volume e velocidade cada vez mais crescente, que passaram a ser utilizados em aplicações de inteligência artificial.

Se essas mudanças impactam diretamente a vida das pessoas, o mesmo acontece com as cidades, os espaços onde vivem, e com o fazer arquitetônico. Automação, machine learning (aprendizado de máquina), implementação de Building Information Modeling (BIM), realidade virtual e aumentada, e internet das coisas estão entre as tecnologias que passam a fazer parte do cotidiano da arquitetura e construção. Com a pandemia, mais um elemento ganhou força: questões relacionadas à saúde e bem-estar tiveram sua importância ampliada.

“A necessidade de adaptação e transformação dos espaços construídos, tanto na escala da cidade como no habitat, decorrentes do distanciamento social imposto pela pandemia, demonstrou o impacto que o espaço construído (em suas diversas escalas) tem na qualidade de vida da população e, assim, demonstra a importância da atuação do profissional de arquitetura e urbanismo para a sociedade”, observa Maurício Kunz, arquiteto e urbanista, também professor da Atitus.

Em 2021, o Desafio Criativo Centro+, uma maratona de 48 horas, mobilizou estudantes e profissionais para desenvolver soluções inovadoras para a revitalização da região central de Porto Alegre. Mestranda em Arquitetura e Urbanismo, Janaína Antunes dos Santos esteve engajada na atividade e o projeto desenvolvido pela equipe conquistou o terceiro lugar na competição.

Para ela, o profissional da área, também como cidadão, precisou se reinventar durante a pandemia, “precisou pensar com uma certa sensibilidade maior nesse caso, tendo a sua experiência própria como ponto norteador, mas como já é da profissão, estendendo os olhares para a realidade de todas as pessoas”.

EVIDENCIANDO PROBLEMAS

O cenário pandêmico também jogou luz sobre grandes desafios já conhecidos dos arquitetos, evidenciando, por exemplo, a necessidade de prover o acesso à moradia digna e à infraestrutura urbana básica a toda a população.

“A pandemia também escancarou os problemas do transporte público urbano no Brasil que, com a redução do número de passageiros devido à necessidade de distanciamento social, enfrenta uma crise sem precedentes que só poderá ser amenizada com uma abordagem holística, compreendendo políticas públicas de financiamento do transporte e planejamento urbano”, expõe Maurício.

A retomada, no entanto, traz aprendizados, na análise de Janaína. Como por exemplo, a importância de equalizar o cenário mais humanizado e a modernização. “A pandemia nos ensinou que é necessário viver, aproveitar os momentos com pessoas especiais, cuidar da nossa saúde (da mente e do corpo), porém, muitas vezes, a modernização nos leva a uma esfera de agitação e pressa, pois ela é rápida e não queremos ficar para trás. O equilíbrio é fundamental e esse, com certeza, é um grande desafio, que vale a pena ser conquistado”, diz.

ADAPTAR SEM PERDER A ESSÊNCIA

Apesar do impacto causado pelas transformações, Maurício acredita que, no futuro, a essência da profissão, de forma geral, se manterá a mesma. “No entanto, no campo do planejamento urbano, arquitetos e urbanistas terão ao seu dispor novas ferramentas - como aquelas usadas para o City Information Model (CIM) - e uma grande quantidade de dados (big data) para auxiliar nas tomadas de decisão, tendo como horizonte a criação de cidades mais sustentáveis, resilientes e inclusivas.

No entendimento da arquiteta e fundadora da Escola Livre de Arquitetura (Ela), Luciana Marson Fonseca, cada vez mais, será preciso abrir mão de algumas certezas e estar muito atento aos comportamentos humanos que irão determinar novas e distintas dinâmicas espaciais. “A essência de agir criando espaços para pessoas deve permanecer, mas a forma como esses espaços serão criados já está sendo transformada, desde o início da revolução digital. Podemos pensar em uma maior participação das pessoas em projetos urbanos, por exemplo, por meio do input de dados em tempo real”, estima.

Atualização constante, defende Janaína, é algo que o profissional deve sempre buscar sempre. “O trabalho do arquiteto deve buscar a integração às novas tecnologias, mas sempre levando em consideração, em primeiro plano, o ser humano e suas necessidades, para oferecer um espaço que proporcione bem-estar e qualidade de vida. Vejo o arquiteto como um profissional que busca sempre um ponto de equilíbrio entre a modernização e qualidade de vida”, argumenta.

TENDÊNCIAS PARA O FUTURO DAS CIDADES

Frente ao contexto de pandemia, os espaços públicos estão entre as áreas para as quais são previstas intensas transformações. Com o retorno da população às ruas, Maurício estima melhorias e expansões de infraestrutura para pedestres e ciclistas, e criação de mais espaços verdes, em detrimento do espaço dedicado à circulação de carros.

“Durante os períodos de lockdown em 2020, várias cidades criaram infraestruturas temporárias para pedestres e ciclistas em ações de urbanismo tático que, posteriormente, tornaram-se definitivas. Juntamente a esse movimento de humanização dos espaços públicos, há a necessidade de combater o espraiamento urbano e tornar as cidades mais compactas. Porém, isso exige um conjunto de políticas públicas e efetiva-se no longo prazo”, pontua.

Fundadora da Ela, Luciana lembra que o sociólogo e pesquisador Pierre Lèvy defende que estamos vivendo uma transição da civilização tipográfica para uma “civilização algorítmica”, na qual as áreas humanas serão transformadas profundamente ao serem afetadas por uma infinidade de dados. Além disso, a polarização deve permanecer como tendência, segundo estudos de futuristas. Também identifica como crescente o protagonismo feminino nas lideranças ao redor do mundo, o que pode representar uma mudança de paradigmas para diversos segmentos.

Na mesma linha de Maurício, Janaína acredita que as atenções estarão mais direcionadas a aspectos como a saúde, a sustentabilidade e a qualidade dos espaços de convívio entre as pessoas. “Talvez espaços públicos mais voltados a prática de esportes; ciclovias seguras; espaços para caminhadas; praças mais arborizadas que proporcionem uma conexão das pessoas com a natureza e por consequência, um ar mais puro para as cidades; construções com foco na sustentabilidade; espaços, seja de trabalho, lazer ou até as moradias, voltados mais a convivência e a interação entre as pessoas (o que tivemos que nos privar na pandemia)”, frisa.

Ela acrescenta, ainda, que esse período difícil da história deve também servir para repensar atitudes e padrões que precisam ser quebrados e reformulados. “Também como cidadão, o arquiteto deve buscar o diálogo e contribuir na conscientização da comunidade sobre as boas práticas que precisam ser implementadas e que a pandemia nos provou que são indispensáveis.”

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