Docente da Atitus integra Plano Nacional de Enfrentamento à Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes
Publicado em 21/05/2025
Escrito por: Eduarda Ricci Perin
Referência sobre o tema, professor do Mestrado em Psicologia leva conhecimento científico e experiência prática para a construção de diretrizes que fortalecem a proteção de crianças e adolescentes no Brasil
O enfrentamento à violência sexual contra crianças e adolescentes no Brasil tem a participação de um docente da Atitus Educação. O professor Jean Von Hohendorff, doutor em Psicologia e coordenador do grupo de pesquisa Via Redes, foi convidado pelo Conselho Nacional dos Direitos de Crianças e Adolescentes (Conanda), órgão vinculado ao Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, para integrar a construção das diretrizes do novo Plano Nacional de Enfrentamento à Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes.
O convite representa, segundo o docente, o reconhecimento do trabalho científico desenvolvido na Atitus e um marco pessoal em sua trajetória como pesquisador. “Representa a realização de um objetivo: fazer com que o conhecimento gerado na universidade ultrapasse os muros da academia e se transforme em políticas públicas capazes de impactar a vida das pessoas”, destaca Hohendorff.
O grupo Via Redes, vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Atitus e coordenado por Jean, tem como foco estudos sobre violência contra crianças e adolescentes, redes de proteção e atuação intersetorial. As pesquisas desenvolvidas acompanham o funcionamento de conselhos tutelares, estratégias de saúde da família, delegacias especializadas e outros serviços que compõem a rede de enfrentamento. Com base em dados sistematizados, o grupo oferece evidências científicas que ajudam a identificar lacunas e a propor soluções.
“A nossa contribuição tem validade porque parte da realidade. Além dos dados, discutimos temas fundamentais como gênero, diversidade, machismo, patriarcado, que são estruturantes na forma como a violência é compreendida e enfrentada”, explica o professor.
Para a coordenadora do Mestrado em Psicologia, Júlia Gonçalves, ter o professor Jean como membro da construção do Plano Nacional chancela sua expertise e experiência na temática e traz o reconhecimento de um trabalho coletivo, desenvolvido com seriedade e compromisso junto ao grupo Via Redes e ao Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Atitus. “No Mestrado, produzimos conhecimento e, mais do que isso, colocamos a serviço da sociedade, contribuindo com evidências e reflexões que proporcionem uma transformação social”, destaca.
Segundo ele, garantir a efetividade das novas diretrizes depende, principalmente, da formação continuada dos profissionais, de um financiamento adequado e do engajamento político das redes de atendimento. “Ainda vemos muitas formações pontuais, isoladas, que não preparam de fato os profissionais para acolher as vítimas. Para que haja uma formação continuada efetiva, é necessário investimento. O Brasil tem boas leis e diretrizes, mas muitas vezes elas esbarram na falta de financiamento”, alerta.
O professor da Atitus também é referência no tema da Escuta Especializada, procedimento previsto pela Lei 13.431/2017, que determina o atendimento de crianças e adolescentes vítimas ou testemunhas de violência de forma protegida e não revitimizante. Recentemente, Hohendorff foi palestrante convidado de um curso promovido pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), voltado à formação de integrantes da rede de cuidado.
Durante o evento, destacou os desafios práticos da escuta especializada e os riscos de revitimização quando há falhas na comunicação entre os diferentes atores da rede. “A criança escolhe em quem confia. É preciso sensibilidade, escuta atenta, cuidado com expressões verbais e não verbais, e objetividade nos encaminhamentos. A escuta é sobre acolher, não investigar”, afirma.
Ele também ressalta que, em muitas regiões do país, ainda há confusão sobre o que é – ou não é – escuta especializada. De forma pioneira, o grupo Via Redes têm se debruçado sobre o tema e já produziu uma dissertação e artigos científicos que agora embasam parte da contribuição do professor ao Plano Nacional.
Além da pesquisa e da atuação em conselhos e comitês locais, Jean Von Hohendorff também realiza formações com redes municipais de proteção. Esses espaços, segundo ele, são fontes riquíssimas de troca e aprendizado. “Ao trabalhar diretamente com profissionais que estão na linha de frente, conseguimos entender os desafios cotidianos e propor ações mais efetivas.” Para o professor, o papel da universidade deve ir além da produção de conhecimento. “Nosso compromisso é também com a transformação social. Que bom que temos a chance de, com a ciência, contribuir para a construção de um Brasil mais protetivo com suas crianças e adolescentes.”