Gustavo Spadotti - chefe-geral da Embrapa Territorial - é membro do conselho consultivo da Escola do Agronegócio

As fortes enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul nas últimas semanas causaram grandes prejuízos ao setor agropecuário do Estado. Para dimensionar essas perdas, Gustavo Spadotti, chefe-geral da Embrapa Territorial e membro do conselho consultivo da Escola do Agronegócio da Atitus Educação, coordena uma pesquisa que realiza um levantamento detalhado das áreas rurais, biomas e Áreas de Preservação Permanentes (APPs) atingidos. A Embrapa Territorial, sediada em Campinas (SP), é especializada na gestão de dados e imagens de satélite, o que permite mapear com precisão essas áreas.

Conforme um levantamento preliminar, são 21.541 imóveis rurais e 1.559 estabelecimentos agropecuários atingidos em 255 municípios do Estado. Os dados são resultado da análise feita a partir da mancha de inundação registrada pelos satélites no RS entre os dias 5 e 7 de maio. O terreno inundado abrange mais de 500 mil hectares. A grande maioria, mais de 18 mil imóveis são de pequenos produtores

Dados fornecidos pela Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão (SPGG/RS) e o programa federal Brasil Mais também estão auxiliando nas avaliações. Segundo o estudo, nas áreas agrícolas produtivas, o alagamento afetou 11% da área de arroz, 1,4% de soja, 1,2% de pastagens e 2% de outras culturas anuais do Estado. Também foram atingidos 86 silos ou demais unidades de armazenagem de produtos. As estruturas somam potenciais de perda de 750 mil toneladas.

Já na área ambiental, mais de 90 mil ha cadastrados como áreas de preservação ambiental foram atingidos pelos alagamentos, sendo 22% Áreas de Preservação Permanente (APP). Nas agroindústrias, o relatório mostra uma série de estabelecimentos de proteína animal impactados diretamente pelos alagamentos.

O levantamento também identificou sérios danos às vias de acesso aos imóveis rurais e estabelecimentos agropecuários. Foram constatados 49 bloqueios parciais e 42 bloqueios totais em estradas e caminhos rurais. Por isso, a dificuldade logística que está impactando o fornecimento de produtos e o escoamento da safra também será analisada nos próximos estudos.

Sobre a situação que o agro enfrenta no Estado, o diretor da Escola do Agronegócio da Atitus Educação, Dr. Deniz Anziliero, ressalta que com o recuo dos níveis dos rios e a exposição das áreas agrícolas alagadas, teremos outro desafio, recuperar os solos degradados pelas inundações. Destaca ainda, que além das regiões diretamente afetadas, o restante do Estado também está sendo impactado pelas chuvas, com a impossibilidade de implementação das pastagens de inverno e da implementação das culturas de inverno como o Trigo.