Capellari: qualidade da educação depende de consensos para definição de prioridades
Publicado em 15/08/2023
CEO da Atitus Educação foi o speaker no 6º Encontro do Movimento pela Educação
“O Rio Grande do Sul precisa construir consensos nos mais diversos espectros políticos para definir prioridades educacionais, e para isso é fundamental criar um novo modelo mental já que o recurso público é limitado”. Essa foi a grande reflexão proposta pelo CEO da Atitus, Eduardo Capellari, durante palestra no 6º Encontro do Movimento pela Educação promovido pela Assembleia Legislativa em Santo ngelo na última sexta-feira (11).
Para um público qualificado que lotou o auditório da URI, Capellari trouxe a visão do movimento Pacto pela Educação, que tem como princípios: Educação como responsabilidade coletiva; Educação Profissional para a Nova Economia; Educação baseada em evidências; Educação como base do desenvolvimento social, ambiental e econômico; Valorização e formação continuada dos profissionais da educação; Reorganização da governança na educação; e Novos ambientes de aprendizagem. “Qualquer debate sobre a educação precisa ser feito sob o ponto de vista do resultado prático para as pessoas”, avaliou.
Apresentando dados e uma avaliação realista do cenário do RS, Capellari apontou o histórico déficit nas contas públicas, e a consequente degradação da capacidade operacional do Estado em oferecer políticas públicas urgentes, gerando uma enorme defasagem das estruturas educacionais. Também citou os resultados preocupantes do Censo populacional e educacional do Estado, que indicam que o RS está envelhecendo. “Estas são evidências de que é preciso pensar estrategicamente”, afirmou. Para Capellari, o desafio é definir as reais prioridades sob uma nova ótica com base em três eixos estratégicos: equilíbrio das contas, desenvolvimento econômico e educação.
A partir de uma inversão de lógica, já que o recurso público é limitado, o CEO da Atitus Educação explicou que é preciso transformar o equilíbrio das contas públicas em um consenso estratégico. A compreensão de que sem desenvolvimento econômico não será possível manter e atrair talentos no RS, também foi destacada como um consenso fundamental. “ Os dados do IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) evidenciam que estamos muito abaixo das projeções dos principais países emergentes em termos da qualidade da educação”, avaliou ao acrescentar que dados do Censo também refletem que o RS não foi capaz de gerar bons postos de trabalho para pessoas que pudessem ajudar no desenvolvimento do Estado e, assim, muitos talentos foram perdidos. “Para termos uma economia de alto valor agregado precisamos dos jovens talentosos e de um novo portfólio de cursos que atendam às novas demandas do mercado”, declarou Capellari.
Para ele, a temática do debate sobre educação não é mais sobre mão de obra, e sim sobre desenvolvimento de talentos com alta capacidade intelectual. Por fim, Capellari ponderou que para construir uma sociedade equilibrada é preciso definir prioridades com base em dados. Precisamos de uma educação não somente voltada ao mercado, mas que construa uma formação cidadã. “Uma sociedade precisa ter inspiração, precisa sonhar, se motivar, e isso passa por reinventar a educação,” concluiu.
Abertura
A abertura do evento foi conduzida pelo presidente da Assembleia, Vilmar Zanchin, e teve a participação do prefeito de Santo ngelo, Jacques Barbosa, e do deputado Eduardo Loureiro. Na sequência, mediado pelo jornalista Tulio Milmann, foi realizado um painel que apresentou reflexões do ponto de vista do aluno, do professor e do gestor público, a respeito das dificuldades da educação pública e dos desafios para transformar o ambiente educacional atrativo e que incentive o aluno na sua formação e na travessia para o futuro, com a profissionalização. Participaram do debate Leonardo Pascoal, prefeito de Esteio; Victórya Leal, aluna do Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS) em Osório; e Berenice Wbatuba, diretora-geral da URI de Santo ngelo.